Coisa de dia a dia

Eu vivo em um mundo onde se você subir as escadas próximo a hora de dormir, alguém vai gritar: - Você não vai escovar os dentes? Então, eu respondo: -Sim, vou! Neste mesmo mundo, se você não diz nada e fica em silêncio é acusado de que algo está errado contigo.
Eu vivo em um mundo onde se você queimar um pão na frigideira, alguém vai descer as escadas e gritar: -Você está queimando alguma coisa? Então, eu vou responder: -Sim, estou! É pão!
Nesse mesmo mundo, se você chegar fora de horário vão te interrogar para saber com quem, onde e porquê!
A parte boa é que nesse mundo todos ajudam uns aos outros, graças a Deus, mas não há silêncio, nem privacidade, nem sossego! Uma coisa pela outra. No meu mundo minhas roupas ficam espremidas numa porta de guarda-roupa e uma gaveta de criado-mudo. Não sei o que é ter um espaço que seja meu, tudo é comunitário!
Não há sofá! Não, não há!
É também não há brigas, inveja, ganância e egoísmo! Não há abusos, extorsão, nem atentados, não há terremotos, nem desrespeito. É tudo junto é misturado, minha vida não é só minha porque não tenho espaço. Depois de um tempo, a gente se acostuma, eu acho!
Tanto que nem sei se saberia viver de outro jeito, mas gostaria de tentar!

O poema do AmoRRRR

O amor começa com R,
Porque é Raro.
O amor começa com R,
Porque é Rico de simplicidade.
Começa com R,
Porque Remexe minhas alegrias e anseios mais profundos.

Começa com R,
Porque Revolucionou meu jeito de ser e
Reacendeu a minha melhor versão.
O amor começa com R,
Porque o respeito um pelo outro foi valorizado desde o início.
E porque eu descobri o que é Reciprocidade.
Antes nunca havia acontecido.

O amor começa com R
Porque não precisa de Recompensa
E não tem Receio de ser verdadeiro.
Ninguém precisa ser o que não é, isso é nossa Realidade.

O amor começa com R,
Porque todo dia me dá forças para Recolher meus pedaços
e me Recompor para lutar.
O amor começa com R
Por me fazer Reviver todos os bons momentos,
as discussões e as Reconciliações
 e entender porque o coração escolheu a ti e nenhum outro.

O amor começa com R,
Pois há muitos anos me Reconheceu,
 quando ninguém me via, você me viu.
E já sabia que tipo de pessoa eu era
e quem eu seria para sempre.
E 15 depois, eu soube disso
e Renasceu em mim, a esperança  perdida.

O amor começa com R,
Pois Ao Regressar de longe, depois de tanto tempo,
me deu a chance de olhar nos olhos e saber que é você.

O amor começa com R
Porque se Revolta, afinal Reseta o passado.
E finge que isso é Remédio para a dor.
O amorrrr (leia-se como no interior)
Começa com R
Porque estará sempre à espera
do nosso Recomeço.

Para ler ouvindo Who's with us - Current Swell

EU SOU TED

Afinal, quem é TED?

Como é difícil escolher um nome para um blog. Este meu já mudou de nome 3 vezes. O que faz, em termos de comunicação, com que ele não tenha uma identidade forte.

Comecei escrevê-lo, em 2009. O chamei de "O Incrível Mundo de Mimi", acreditava que na minha vida aconteciam histórias incríveis, das boas e das más. Ainda acredito nisso porém, percebi que histórias incríveis acontecem a todos. A diferença é que alguns percebem isso, outros não.

Alguns bons anos depois, mudei de novo para "Nenhuma das Anteriores Mimi". Como se esse lema fosse me impedir de tomar as mesmas decisões mais de uma vez. No entanto, compreendi que vamos repetir escolhas e decisões ao longo da vida, sejam elas boas ou não.

Algumas delas são inerentes à razão, fazem parte da nossa essência e ninguém é capaz de mudar a própria essência só para não repetir uma escolha errada. E no mais, eu decidi seguir Cristo e essa escolha eu repito todos os dias. Então, não havia sentido manter o mote, se ele não é verdadeiro nem para mim.

Em 2017, estou cá de nome novo. Agora parece que de vez. Porque, finalmente, eu saquei com a ajuda de Deus (que está sempre comigo) e da Dra. Fernanda, que Ele colocou no meu caminho (Ela é fera), entendi quem eu sou e EU SOU TED.

Pera, eu explico. Quem assistiu How I met Your Mother conhece o Ted Mosby.

"-Do you know Ted?
-He is Ted.
-Hi, I'm Ted."

Se não assistiu, assista. Ele é uma personagem dessa série incrível, criada por Carter Bays e Craig Thomas. Exibida no Brasil, pelo canal a cabo Fox Life, a partir de 2006.

Em minha humilde opinião, TED não é uma pessoa, TED não é um tipo de pessoa. TED é o dom de algumas pessoas.

Traduzindo TED:

1. aquele que estará sempre lá, não importa o que aconteça.
2. aquele que desiste de si pelo próximo e fica feliz com isso.
3. aquele que sempre ajuda e se sacrifica por você.

Não importa se pela família, amigos, estranhos ou o amor da sua vida. Um TED estará disposto a tentar, independente das porradas que a vida lhe der ou das dores que tenha que carregar.

Num mundo individualista, onde o EU vem primeiro, é idolatrado e tem sido colocado por muitos no lugar de Deus. Onde o EU pode tudo, onde o EU grita por liberdade,  ser TED é quase suicídio, sinônimo de burrice, falta de amor próprio ou sei lá mais o quê.

Alguém aí dá valor para os TED's nessa vida? Talvez quem tem ou já teve um ao lado
(Quer saber, às vezes, nem assim). A vida não é justa. Mas é boa. Um TED não perde a esperança. E vale mesmo a pena ser TED. No regrets. No regrets.

Num mundo onde ninguém é igual a ninguém, mesmo sendo parecido:

- Prazer, Eu sou Ted.

É só um plano.

Estive pensando num plano,  uma forma perfeita de levar a vida ou enganar a si mesmo num mundo de caos. Meu plano inclui tardes de sol à beira da praia com os olhos no mar. No iphone rola Be with me now, do Soja.

Eu falo e vivo o amor de Deus e entendo o significado da cruz. E falo de super-heróis favoritos e de como as coisas podiam ser diferentes se conseguíssemos acabar com a miséria e com o racismo. E de como eu tento mudar essa realidade um pouco por dia.

No meu plano, as coisas ruins são amenizadas pela cia da minha pessoa favorita na terra, e ele me entende nas nossas diferenças, e me respeita e admira acima dessas coisas. Temos uma parceria,  ela é maior que paixão e desejo, amor ou qualquer sentimento. Parceria é a decisão que tivemos e que traz junto tudo isso tudo e muito mais num pacote só nosso.

O trabalho castiga e a rotina corroí, mas no fim do dia tem bacon e cheddar. E se fica insuportável de aguentar a gente ora. E depois comemora a vida com uma garrafa de vinho, hoje é o seu preferido, amanhã o meu.

No meu plano é simples não temer, é fácil abrir mão de algumas coisas insignificantes pelas mais importantes. No meu plano, a gente se aceita e aceita o mundo tal quel ele é. No meu plano a gente não perde a chance de sermos felizes enquanto ainda há tempo. Enquanto ainda é possível. Mas isso é só um plano aqui da minha cachola. (Riso)

Para falar de política, pessoas e um saco que anda bem cheio

Nada incomoda mais que espinha dentro do ouvido. Quem já teve, sabe o que digo. Sei que o tempo não é para comparações esdruxulas, mas é assim que me sinto em relação a história contemporânea que está sendo escrita à tinta, carvão e bala de borracha.

Tem sádico pedindo a volta da ditatura, o exército na rua, a jogar no lixo a luta de uma geração, que hoje, é melhor idade e ainda traz no peito a mesma gana, agora com maturidade de enxergar exatamente onde podemos dar, dar em nada (esse é meu maior medo). Não precisa chegar nos nomes dos sobreviventes famosos, como Mário Lago ou dos assassinados, como Vladimir Herzog, sem mencionar os desaparecidos, enterrados nessa lama que se tem receio ainda em revirar, porque se o fizer vai achar. Eles estão andando nas ruas, quiçá silenciosos sobre o que viveram. São nossos pais, amigos dos nossos pais, pais dos nossos amigos, professores e desconhecidos. Quando eu conversava com o Homero e com a Sonia, na ETELG (Escola Técnico Estadual Lauro Gomes), eu sentia na voz deles o que isso significa. Se não viveu esse horror é melhor não opinar, por favor.

Tem pai de família, dita classe média, classe essa que não existe mais (pense bem) a cometer suicídio, porque não tem como sustentar os filhos. Tem pobre minando as forças e miserável que desceu tão baixo que não tem mais forma de classificar. Há de se criar novas métricas, palavras e índices para mensurar o estrago. É crise em cima de crise, a história se reescreve nos mesmos termos, quase nada mudou. E se vive do jeito que dá ou não dá.

Fora Temer, fora Cunha, fora Renan. Fim da era PT. E sobra PSDB, PMDB, PSB, PCB e mais um monte de P que cabe num grande palavrão, mas achincalhar não resolve o problema. Até quem era limpo se sujou, quem estava encardido chafurdou e não sobrou ninguém. O povo vai à rua e não tem ninguém, ninguém que valha para meter no lugar. O cerne da política está contaminado com o gene da corrupção, da roubalheira e do jeitinho para se dar bem. Admita, muitos são assim.

Na prateleira das eleições é difícil escolher. Não por falta de opção, há muitas. Há opções demais. É de ficar confuso, cansado e cheio de errar sempre, porque parece que a mira é no peixe, mas acerta o gato. Fica sempre descompassado. É como se não fosse mais possível reconhecer caráter, acreditar no outro, o escâner está velado. Ou nivelou-se por baixo.

Tem quem não queira se meter, outros não tem o que falar, ninguém quer se comprometer, outra parte prefere se alienar. E há quem acredite em tudo que passa na TV. Todo mundo procura um modo de seguir em frente, de evitar mais problemas que já tem. Não julgo esse comportamento como omisso, é uma forma de se posicionar. A quem critique, mas quem é quem para criticar alguém? Há quem cobre postura, mas quem pode cobrar o quê e de quem? É tanta falta de Deus, de fé, um descontrole instalado só não vê quem não quer. E o que a gente quer, como diz Titãs: “ a gente não quer só comida, diversão e arte. A gente não quer só comida. A gente quer saída para qualquer parte”. É isso, a gente quer saída.

Quem não fica de saco cheio no meio desse turbilhão? De saco cheio da política, da sociedade e das pessoas hipócritas, de saco cheio até mesmo da própria hipocrisia. Quem nunca? E ainda precisa lidar com os dramas individuais, os mimimi´s da vida cotidiana, as dores de cada um. O amor, o caos e o tédio. De repente fugir seja sensato. É covarde. Mas talvez seja o mais sensato, pelo menos da minha parte. Mas por vezes, falta vergonha na cara.